Correio de Carajás

Rusgas e ataques

Rusgas e ataques

A fase ainda é de pré-candidatura, mas a eleição para o Governo do Pará já começou quente entre os candidatos Helder Barbalho (MDB) e Márcio Miranda (DEM). A troca de farpas inaugurou a todo vapor a série “bateu, levou”. Miranda ataca nas redes sociais e por onde passa, dizendo não ter seu nome envolvido na Lava-Jato. Helder, por meio do jornal da família, responde que o governador Simão Jatene favorece com recursos públicos hospital e negócios familiares de Miranda. No meio, Paulo Rocha (PT) apresenta-se como alternativa a Miranda e Barbalho, mas poupa a ambos de críticas.

Bizarrice eleitoral

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Não há coisa pior do que o candidato de si mesmo. E, nessa eleição de outubro, o que mais tem é candidato desconhecido do eleitor, da comunidade onde ele mora e, às vezes, da própria família. Até jornalistas sabem que esses candidatos de si mesmo não duram muito tempo, porque aparecem e somem do nada. Já houve o caso de um que, por insistir em ir até o final da campanha, na abertura da urna e no final da apuração não teve sequer um voto. Nem o infeliz votou nele próprio.

Abdon, o folclórico

Alguém lembra do Abdon, que por várias eleições lançou-se candidato ao governo do Pará? Esse, pelo menos, divertia os eleitores. Queria apenas um horário no rádio e na TV para aprontar suas presepadas. Aparecia dançando e cantando ao lado de várias mulheres, as “abdonzetes”. Abdon era candidato de si mesmo. Às vezes, escalado por cacique que não queria sujar as mãos, batia em algum gigante da política em troca de míseros reais. Abdon já morreu, mas deixou seguidores. Na verdade, esses nunca morrem.

Prometer o quê?

Dilma Rousseff afundou o país na sua pior crise desde a redemocratização. Michel Temer, que era vice dela, segue chafurdando na impopularidade e na falta de alternativa para estancar o pessimismo. E os candidatos a presidente e governador, o que dirão aos eleitores? Há alguma proposta consistente, ou tudo será mais do mesmo. O desenho da campanha é populista, mas o populismo, se ainda dá algum caldo, não engana mais a ninguém. Ou melhor, engana a quem se deixa enganar.

Fora do páreo

O deputado estadual Hildegardo Nunes jogou a toalha. Pelas redes sociais, ele soltou comunicado, dizendo ter desistido de disputar a reeleição. Motivo: fez um transplante renal em março e, por recomendação médica, precisa cuidar da recuperação. “Estou bem, mas asseguro que esta pausa é necessária, embora temporária, até que eu recupere minha saúde completamente. Espero, em breve, revê-los e contar com cada um na construção de um Pará mais justo e mais desenvolvido. A nossa caminhada não para por aqui. Um grande abraço a todos”, escreveu Nunes.

___________________BASTIDORES_____________________________

* Há pelo menos dez blogs e sites que estão sob censura judicial no Pará. A maioria dos casos envolve prefeitos, secretários de governo e políticos. Há também alguns empresários e sindicalistas. Seja qual for o caso, censura é sempre coisa abjeta.

* O mais interessante é que o STF, desde 2011, produziu jurisprudência em que afirma ser a imprensa livre, assim como o jornalista, para publicar tudo aquilo que for de interesse público. Sem imprensa livre não há democracia.

* Poucos sabem: a verba do chamado Fundo Partidário já está separada, em muitos partidos, para ser distribuída entre os candidatos às próximas eleições. Quem não correr agora não verá um centavo.

* É comum que tal verba seja entregue aos candidatos que reúnam maiores chances de eleição. Há controvérsias, principalmente sobre candidatos com imagem desgastada, mas que sempre abocanharam as melhores fatias do bolo partidário.

* Por outro lado, o ministro Luiz Fux, presidente do TSE, alerta que mídias como Twitter e Facebook têm criado regras mais claras para incentivar apenas o uso de robôs do bem. Ou seja, aqueles que não espalham “fake news”, as notícias falsas.

* O jornalista Cláudio Dantas chama a atenção para empresas que, em vez de barrarem perfis falsos para atacar candidatos, até os estimulam. Tudo porque, diz ele, “isso é um negócio e um negócio muito lucrativo”.

* Aliás, a coleta de dados pessoais dos usuários é, hoje, o novo tesouro do mercado político. E também há políticos que divulgam notícias falsas em campanhas para denegrir a imagem de concorrentes, mas acabam gerando um “efeito manada” para atrair eleitores ao seu polo de debate.