Correio de Carajás

Serra Pelada sem ouro e sem água

O sonho de voltar a retirar ouro de Serra Pelada está longe de acontecer para os moradores da vila rural mais rica do Pará. E o de ter água tratada também. É que a empresa que vai fornecer o líquido para a aquela comunidade, localizada em Curionópolis, é a BRK Ambiental, responsável pelo abastecimento da cidade de Curionópolis, onde é grande a reclamação da população pelo serviço que ela presta, considerado caro e de má qualidade.

A BRK Ambiental é uma empresa do grupo Odebrecht que mudou de nome, assim como outras empresas da holding, por conta dos escândalos de corrupção investigados na Operação Lava Jato. A empresa se chamava Odebrecht Ambiental, que adquiriu a Saneatins, para quem o serviço de água de Curionópolis foi terceirizado há mais de 10 anos.

No final da semana passada, houve uma audiência pública em Curionópolis, ocasião em que o prefeito Adonei Aguiar anunciou o serviço como se fosse um grande feito do governo dele. No entanto, agora os moradores descobriram que o recurso que será investido no sistema de abastecimentos, no valor de R$ 1 milhão, não é do município. E pior, que eles terão que pagar pelo serviço.

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Vila de gente humilde, boa parte vivendo na mais extrema pobreza, esse presente de grego, como já começa a ser chamado, dado pela gestão municipal está causando preocupação nos moradores, que se perguntam como vão pagar essa conta. Eles lembram que, até pouco tempo, não pagavam energia, mas com a regularização desse serviço, muitos estão hoje vivendo no escuro, porque não têm como pagar a tarifa.

“Como vamos pagar energia e água, se não temos dinheiro nem para comer”, pergunta Deusivaldo Marinho Amaral, que está com a energia cortada porque não tem como pagar a conta.

Aos 62 anos, José Pereira de Sousa, que veio de Sobral (CE) com o sonho de ficar rico no garimpo de Serra Pelada e hoje é mais um dos que vivem em situação financeira difícil na vila, diz que o prefeito “mentiu” para o povo ao dizer que era uma obra do município e que eles não iam pagar pelo consumo, apenas uma taxa mensal para pagar o salário das pessoas responsáveis para fazer a manutenção do sistema. “Isso é enganar a população, mas a máscara caiu”, disparou.

Jorge Vicente de Jesus, de 70 nos, que chegou em 1981 a Serra Pelada, vindo da cidade de Itamaraju (BA), diz que se o prefeito quisesse ajudar o povo de Serra Pelada, era só construir o sistema e cobrar uma taxa, de acordo com as condições financeiras de cada pessoa, e não deixar na mão de uma empresa terceirizada esse serviço. “Eu não tenho condições de pagar. Mal tenho dinheiro para comprar o que comer”, diz ele.

Cadastro

De acordo com o anunciado durante a audiência pública realizada pela prefeitura em Serra Pelada, a primeira fase do processo de implantação do abastecimento de água na vila será o cadastramento dos usuários. As obras iniciarão em setembro e devem ser concluída em 90 dias.

Segundo a empresa contratada, serão implantados 27.500 metros de rede de distribuição de água, o que deve extinguir a antiga rede. De acordo moradores, foi informado que os poços existentes devem ser desativados, o que os obrigará a consumir só a água fornecida pela BRK Ambiental. “Isso é coisa de regime ditatorial. Eu não vou aceitar isso”, avisou João Pereira dos Santos, morador da vila. (Tina Santos)

 

O sonho de voltar a retirar ouro de Serra Pelada está longe de acontecer para os moradores da vila rural mais rica do Pará. E o de ter água tratada também. É que a empresa que vai fornecer o líquido para a aquela comunidade, localizada em Curionópolis, é a BRK Ambiental, responsável pelo abastecimento da cidade de Curionópolis, onde é grande a reclamação da população pelo serviço que ela presta, considerado caro e de má qualidade.

A BRK Ambiental é uma empresa do grupo Odebrecht que mudou de nome, assim como outras empresas da holding, por conta dos escândalos de corrupção investigados na Operação Lava Jato. A empresa se chamava Odebrecht Ambiental, que adquiriu a Saneatins, para quem o serviço de água de Curionópolis foi terceirizado há mais de 10 anos.

No final da semana passada, houve uma audiência pública em Curionópolis, ocasião em que o prefeito Adonei Aguiar anunciou o serviço como se fosse um grande feito do governo dele. No entanto, agora os moradores descobriram que o recurso que será investido no sistema de abastecimentos, no valor de R$ 1 milhão, não é do município. E pior, que eles terão que pagar pelo serviço.

Vila de gente humilde, boa parte vivendo na mais extrema pobreza, esse presente de grego, como já começa a ser chamado, dado pela gestão municipal está causando preocupação nos moradores, que se perguntam como vão pagar essa conta. Eles lembram que, até pouco tempo, não pagavam energia, mas com a regularização desse serviço, muitos estão hoje vivendo no escuro, porque não têm como pagar a tarifa.

“Como vamos pagar energia e água, se não temos dinheiro nem para comer”, pergunta Deusivaldo Marinho Amaral, que está com a energia cortada porque não tem como pagar a conta.

Aos 62 anos, José Pereira de Sousa, que veio de Sobral (CE) com o sonho de ficar rico no garimpo de Serra Pelada e hoje é mais um dos que vivem em situação financeira difícil na vila, diz que o prefeito “mentiu” para o povo ao dizer que era uma obra do município e que eles não iam pagar pelo consumo, apenas uma taxa mensal para pagar o salário das pessoas responsáveis para fazer a manutenção do sistema. “Isso é enganar a população, mas a máscara caiu”, disparou.

Jorge Vicente de Jesus, de 70 nos, que chegou em 1981 a Serra Pelada, vindo da cidade de Itamaraju (BA), diz que se o prefeito quisesse ajudar o povo de Serra Pelada, era só construir o sistema e cobrar uma taxa, de acordo com as condições financeiras de cada pessoa, e não deixar na mão de uma empresa terceirizada esse serviço. “Eu não tenho condições de pagar. Mal tenho dinheiro para comprar o que comer”, diz ele.

Cadastro

De acordo com o anunciado durante a audiência pública realizada pela prefeitura em Serra Pelada, a primeira fase do processo de implantação do abastecimento de água na vila será o cadastramento dos usuários. As obras iniciarão em setembro e devem ser concluída em 90 dias.

Segundo a empresa contratada, serão implantados 27.500 metros de rede de distribuição de água, o que deve extinguir a antiga rede. De acordo moradores, foi informado que os poços existentes devem ser desativados, o que os obrigará a consumir só a água fornecida pela BRK Ambiental. “Isso é coisa de regime ditatorial. Eu não vou aceitar isso”, avisou João Pereira dos Santos, morador da vila. (Tina Santos)