Correio de Carajás

Projeto luta por preservação e restauração do Rio Tauari

No interior da Amazônia, um grupo de 50 pessoas, envolvendo pesquisadores, professores e alunos, trabalham para recuperar uma área de reserva ecológica, localizada bem atrás do Campus III da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), no Bairro Cidade Jardim, em Marabá, Iniciado em janeiro desde ano, o projeto “Tauari Vivo” é desenvolvido em cooperação com o Exército Brasileiro.

Seus coordenadores e participantes são professores e estudantes do curso de ciências biológicas da Unifesspa e militares da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, que trabalham em prol da preservação e restauração de um espaço rico em biodiversidade no entorno do Rio Tauari, que deságua no Rio Tocantins.

“Esse projeto, na verdade, surgiu de uma demanda da reitoria. O reitor teve a ideia de conhecer a área da universidade, porque acha importante você estar na universidade e saber o que tem nela. E ele solicitou ao nosso instituto para que a gente pensasse em algo que pudesse dar esse resultado”, explicou ao CORREIO a ecóloga Raquel Ribeiro, professora do curso de ciências biológicas da universidade e coordenadora de fauna de invertebrados dentro no projeto “Tauari Vivo”. Segundo ela, a iniciativa é desenvolvida com atividades de monitoramento da fauna e recomposição florestal.

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“A ideia é um pouco maior do que só estudar essa parte aqui do Rio Tauari. Ela prevê um corredor ecológico até a Fundação Zoobotânica de Marabá”, revelou, contando que a interação do projeto, que tem o apoio de entidades locais, precisa se expandir para a sociedade, para que tenha um alcance maior.

“As pessoas têm que saber o que está acontecendo, o que está sendo feito para que também possam ter a mesma visão preservacionista. E a partir disso, a cobrança acontece instantaneamente, porque o governo acaba percebendo a importância daquilo”. De acordo com o professor de ciências biológicas e coordenador de zoologia de invertebrados, Danilo Oliveira, o projeto tem duração prevista para 36 meses (três anos).

“A contrapartida solicitada pelo Exército foi que a Unfesspa passasse a oferecer o curso de formação de inglês para soldados e cadetes da corporação”, acrescentou, lembrando que a organização colabora com o desenvolvimento do “Tauari Vivo”, dando acesso à área da reserva, suporte logístico e de segurança. Uma equipe de mais de 10 servidores e quatro bolsistas da Unifesspa trabalham, hoje, diretamente com o programa.

Ele disse também que está previsto para o segundo ano de projeto (2018), novos recursos e bolsas para trabalhar o levantamento florístico e análise morfológica do local.

O professor Danilo ressalta que o “Tauari Vivo” resulta na melhoria do status de conservação dessa região, lembrando que o Tauarizinho (como o rio é carinhosamente chamado) é um importante afluente para o município.

 

Extinção da Renca é retrocesso, diz professor

O decreto do governo federal que possibilita a exploração mineral e extinção da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca) causou uma onda de protestos no país. Artistas e ambientalistas chamaram atenção para a importância da preservação da área, que corresponde ao tamanho do território do estado do Espírito Santo.

A discussão tem sido levada para dentro do ambiente acadêmico em todo o país e o Correio de Carajás chegou a questionar um dos coordenadores do “Tauari Vivo” sobre a representatividade deste decreto para a comunidade amazônica e para o Brasil.

“A gente coloca sempre essa dicotomia entre desenvolvimento humano, econômico em especial, e a conservação. Por um lado, para o progresso para aumentar o PIB, para a quantidade de recursos produzidos, eu preciso aumentar a quantidade de área a ser utilizada, tanto para agricultura, pecuária e, neste caso, para atividade de mineração. É uma dicotomia que revela uma falta de preparo e de gestão”, revelou.

Para o professor Danilo Oliveira, permitir a extinção da reserva pode até elevar o PIB neste momento, mas em longo prazo o efeito será negativo, até mesmo para a economia. “Existem vários estudos feitos em diferentes instituições ao redor do mundo, feito por pessoas sérias, apontando que quilometro quadrado de floresta é algo extremamente valioso do ponto de vista econômico. É isso que os nossos gestores carecem de ter conhecimento, financeiramente é rentável ter uma floresta de pé”, justifica.

Danilo ainda enfatiza o valor científico que as florestas têm, utilizando um exemplo recente de um estudo que revela avanços em direção à cura da Aids. “Saiu no começo deste mês uma pesquisa sobre uma espécie de planta, uma trepadeira venenosa, e estão utilizando sua toxina para o tratamento da Aids. E os resultados são incríveis, um grande passo em direção à cura da Aids. Agora se fosse uma planta que ocorresse única e exclusivamente na Renca ou nessa região de Marabá?”, indaga.

O docente falou que pouco se conhece da variedade de plantas, animais e demais seres que existem em reservas florestais, lembrando que muito do que é descoberto tem grande valor para medicina, para economia e para produção de alimentos. “E o fato é que a gente está extinguindo boa parte dessas espécies sem saber que elas existem por atitudes como essa e isso é um retrocesso”, confirma.

Ele ainda diz que em uma pequena reserva, como a existente no entorno do Tauarizinho, é possível descobrir inúmeras espécies, fazendo um comparativo à áreas maiores de preservação. “Se não podemos nos dar ao luxo de perder ou de deixar de estudar áreas comparativamente tão pequenas, quiçá áreas gigantescas como aquela”. 

 Dia da Amazônia terá tambores e manifesto na Câmara

Depois de quatro dias de rodas e oficinas de escuta, troca de projetos e ações artísticas e eco-pedagógicas nas comunidades de Cabelo Seco, Santa Rosa, São Felix, Liberdade, PM-Marabá, UEPA, Unifesspa e Semed Marabá, São João do Araguaia, Tauari, participantes do Sul e Sudeste do Pará e convidados de movimentos, redes e projetos sociais e ecológicos das Américas se juntaram para formar uma trincheira humana, no Pedral do Lourenção, e alertar a população para a proteção e preservação dos Rios Tocantins e Araguaia.

Nesta terça-feira (5) na Câmara Municipal de Marabá, data em que se comemora o Dia Mundial da Amazônia, integrantes do Rios de Encontro farão a entrega da “Carta pela Amazônia Bem Viver”, ao som de tambores tocados por jovens que participam do projeto, com sede no bairro Cabelo Seco, na Marabá Pioneira. (Nathália Viegas)

 

 

 

No interior da Amazônia, um grupo de 50 pessoas, envolvendo pesquisadores, professores e alunos, trabalham para recuperar uma área de reserva ecológica, localizada bem atrás do Campus III da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), no Bairro Cidade Jardim, em Marabá, Iniciado em janeiro desde ano, o projeto “Tauari Vivo” é desenvolvido em cooperação com o Exército Brasileiro.

Seus coordenadores e participantes são professores e estudantes do curso de ciências biológicas da Unifesspa e militares da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, que trabalham em prol da preservação e restauração de um espaço rico em biodiversidade no entorno do Rio Tauari, que deságua no Rio Tocantins.

“Esse projeto, na verdade, surgiu de uma demanda da reitoria. O reitor teve a ideia de conhecer a área da universidade, porque acha importante você estar na universidade e saber o que tem nela. E ele solicitou ao nosso instituto para que a gente pensasse em algo que pudesse dar esse resultado”, explicou ao CORREIO a ecóloga Raquel Ribeiro, professora do curso de ciências biológicas da universidade e coordenadora de fauna de invertebrados dentro no projeto “Tauari Vivo”. Segundo ela, a iniciativa é desenvolvida com atividades de monitoramento da fauna e recomposição florestal.

“A ideia é um pouco maior do que só estudar essa parte aqui do Rio Tauari. Ela prevê um corredor ecológico até a Fundação Zoobotânica de Marabá”, revelou, contando que a interação do projeto, que tem o apoio de entidades locais, precisa se expandir para a sociedade, para que tenha um alcance maior.

“As pessoas têm que saber o que está acontecendo, o que está sendo feito para que também possam ter a mesma visão preservacionista. E a partir disso, a cobrança acontece instantaneamente, porque o governo acaba percebendo a importância daquilo”. De acordo com o professor de ciências biológicas e coordenador de zoologia de invertebrados, Danilo Oliveira, o projeto tem duração prevista para 36 meses (três anos).

“A contrapartida solicitada pelo Exército foi que a Unfesspa passasse a oferecer o curso de formação de inglês para soldados e cadetes da corporação”, acrescentou, lembrando que a organização colabora com o desenvolvimento do “Tauari Vivo”, dando acesso à área da reserva, suporte logístico e de segurança. Uma equipe de mais de 10 servidores e quatro bolsistas da Unifesspa trabalham, hoje, diretamente com o programa.

Ele disse também que está previsto para o segundo ano de projeto (2018), novos recursos e bolsas para trabalhar o levantamento florístico e análise morfológica do local.

O professor Danilo ressalta que o “Tauari Vivo” resulta na melhoria do status de conservação dessa região, lembrando que o Tauarizinho (como o rio é carinhosamente chamado) é um importante afluente para o município.

 

Extinção da Renca é retrocesso, diz professor

O decreto do governo federal que possibilita a exploração mineral e extinção da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca) causou uma onda de protestos no país. Artistas e ambientalistas chamaram atenção para a importância da preservação da área, que corresponde ao tamanho do território do estado do Espírito Santo.

A discussão tem sido levada para dentro do ambiente acadêmico em todo o país e o Correio de Carajás chegou a questionar um dos coordenadores do “Tauari Vivo” sobre a representatividade deste decreto para a comunidade amazônica e para o Brasil.

“A gente coloca sempre essa dicotomia entre desenvolvimento humano, econômico em especial, e a conservação. Por um lado, para o progresso para aumentar o PIB, para a quantidade de recursos produzidos, eu preciso aumentar a quantidade de área a ser utilizada, tanto para agricultura, pecuária e, neste caso, para atividade de mineração. É uma dicotomia que revela uma falta de preparo e de gestão”, revelou.

Para o professor Danilo Oliveira, permitir a extinção da reserva pode até elevar o PIB neste momento, mas em longo prazo o efeito será negativo, até mesmo para a economia. “Existem vários estudos feitos em diferentes instituições ao redor do mundo, feito por pessoas sérias, apontando que quilometro quadrado de floresta é algo extremamente valioso do ponto de vista econômico. É isso que os nossos gestores carecem de ter conhecimento, financeiramente é rentável ter uma floresta de pé”, justifica.

Danilo ainda enfatiza o valor científico que as florestas têm, utilizando um exemplo recente de um estudo que revela avanços em direção à cura da Aids. “Saiu no começo deste mês uma pesquisa sobre uma espécie de planta, uma trepadeira venenosa, e estão utilizando sua toxina para o tratamento da Aids. E os resultados são incríveis, um grande passo em direção à cura da Aids. Agora se fosse uma planta que ocorresse única e exclusivamente na Renca ou nessa região de Marabá?”, indaga.

O docente falou que pouco se conhece da variedade de plantas, animais e demais seres que existem em reservas florestais, lembrando que muito do que é descoberto tem grande valor para medicina, para economia e para produção de alimentos. “E o fato é que a gente está extinguindo boa parte dessas espécies sem saber que elas existem por atitudes como essa e isso é um retrocesso”, confirma.

Ele ainda diz que em uma pequena reserva, como a existente no entorno do Tauarizinho, é possível descobrir inúmeras espécies, fazendo um comparativo à áreas maiores de preservação. “Se não podemos nos dar ao luxo de perder ou de deixar de estudar áreas comparativamente tão pequenas, quiçá áreas gigantescas como aquela”. 

 Dia da Amazônia terá tambores e manifesto na Câmara

Depois de quatro dias de rodas e oficinas de escuta, troca de projetos e ações artísticas e eco-pedagógicas nas comunidades de Cabelo Seco, Santa Rosa, São Felix, Liberdade, PM-Marabá, UEPA, Unifesspa e Semed Marabá, São João do Araguaia, Tauari, participantes do Sul e Sudeste do Pará e convidados de movimentos, redes e projetos sociais e ecológicos das Américas se juntaram para formar uma trincheira humana, no Pedral do Lourenção, e alertar a população para a proteção e preservação dos Rios Tocantins e Araguaia.

Nesta terça-feira (5) na Câmara Municipal de Marabá, data em que se comemora o Dia Mundial da Amazônia, integrantes do Rios de Encontro farão a entrega da “Carta pela Amazônia Bem Viver”, ao som de tambores tocados por jovens que participam do projeto, com sede no bairro Cabelo Seco, na Marabá Pioneira. (Nathália Viegas)