Correio de Carajás

Historiador lança livro nesta sexta

Nesta sexta-feira (18), às 18h, no auditório da Unidade I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), acontece o lançamento do livro “Ditadura Militar no Brasil: entre práticas e representações (1960-1968)”, de autoria do historiador Erinaldo Cavalcanti, professor doutor da Unifesspa. Para ele, o assunto que o livro apresenta não pode ficar restrito aos muros da universidade. “São questões que estão na esquina”, pontua, “por isso toda a comunidade local está convidada para comparecer ao lançamento do livro”, reitera.

Fruto da Tese de Doutoramento no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a obra é resultado de uma ampla investigação em diversas fontes, destinando-se prioritariamente a compreender como o discurso do medo sobre o comunismo, naquele momento histórico (entre 1960 e 1968), foi uma das forças que contribuiu para que ocorresse a intervenção militar.

Os documentos pesquisados pelo autor também apontam que o medo continuou sendo o principal discurso e principal força usada para justificar a intervenção pós 1964. “Os militares teriam que continuar no poder porque o comunismo ainda estava em vigor”, resume o pensamento disseminado na época.

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O historiador observa que, embora a pesquisa tenha se desenvolvido a partir de Pernambuco, inclusive com episódios da política local, também foram feitos levantamentos em Brasília e no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro.

Ainda segundo ele, grande parte da Imprensa, quando narrava algum embate político, sempre o fazia pelo ângulo de que determinado discurso representava forte possibilidade de avanço do comunista. Isso ajudou a construir um cenário que justificava a necessidade da intervenção militar.

O historiador lembra que o discurso de combate aos comunistas foi sustentado pela lei de segurança nacional de 1953; e em nome desta lei vários desmandos acabaram acontecendo. Quando, por exemplo, militares acompanhavam comícios ou reuniões políticas de partidos ditos de esquerda, eles justificavam que o discurso desses partidos estava afrontando a lei de segurança nacional. “Eles se utilizaram bastante dessa estratégia de usar a lei como argumento para dar legitimidade a suas ações”, reafirma.

Quando os militares prendiam uma pessoa para interrogatório, sem autorização judicial, continua o professor, a deixavam vários dias sem dar notícias à família. “Os documentos que justificavam essas prisões se pautavam numa possível ameaça à sociedade porque os presos estariam fomentando ódio de classes e ideias contrárias à pátria”, sustenta.

Atualidade

O historiador lembra que os professores que avaliaram a tese dele (que resultou no livro) chamaram a atenção para a atualidade do tema tratado na pesquisa. Entre esses docentes está o Rodrigo Pato, renomado professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma das maiores referências no Brasil e no exterior.

Erinaldo entende que não se trata de uma questão que ficou restrita a 1964, mas é um tema que vem sendo reatualizado e apropriado para diversos fins nos dias atuais. Os discursos do anticomunismo começaram a reaparecer e estão utilizados para os fins mais complexos.

Ele chama atenção, por exemplo, para a utilização do termo “Vai pra Cuba”. “Por que ‘vai pra Cuba?’”, questiona o professor, explicando que esses termos remetem a possibilidade de um crescimento do comunismo no Brasil, sem a devida reflexão sobre o assunto. “Os desdobramentos podem ser perigosos”, resume. (Chagas Filho)

 

Nesta sexta-feira (18), às 18h, no auditório da Unidade I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), acontece o lançamento do livro “Ditadura Militar no Brasil: entre práticas e representações (1960-1968)”, de autoria do historiador Erinaldo Cavalcanti, professor doutor da Unifesspa. Para ele, o assunto que o livro apresenta não pode ficar restrito aos muros da universidade. “São questões que estão na esquina”, pontua, “por isso toda a comunidade local está convidada para comparecer ao lançamento do livro”, reitera.

Fruto da Tese de Doutoramento no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a obra é resultado de uma ampla investigação em diversas fontes, destinando-se prioritariamente a compreender como o discurso do medo sobre o comunismo, naquele momento histórico (entre 1960 e 1968), foi uma das forças que contribuiu para que ocorresse a intervenção militar.

Os documentos pesquisados pelo autor também apontam que o medo continuou sendo o principal discurso e principal força usada para justificar a intervenção pós 1964. “Os militares teriam que continuar no poder porque o comunismo ainda estava em vigor”, resume o pensamento disseminado na época.

O historiador observa que, embora a pesquisa tenha se desenvolvido a partir de Pernambuco, inclusive com episódios da política local, também foram feitos levantamentos em Brasília e no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro.

Ainda segundo ele, grande parte da Imprensa, quando narrava algum embate político, sempre o fazia pelo ângulo de que determinado discurso representava forte possibilidade de avanço do comunista. Isso ajudou a construir um cenário que justificava a necessidade da intervenção militar.

O historiador lembra que o discurso de combate aos comunistas foi sustentado pela lei de segurança nacional de 1953; e em nome desta lei vários desmandos acabaram acontecendo. Quando, por exemplo, militares acompanhavam comícios ou reuniões políticas de partidos ditos de esquerda, eles justificavam que o discurso desses partidos estava afrontando a lei de segurança nacional. “Eles se utilizaram bastante dessa estratégia de usar a lei como argumento para dar legitimidade a suas ações”, reafirma.

Quando os militares prendiam uma pessoa para interrogatório, sem autorização judicial, continua o professor, a deixavam vários dias sem dar notícias à família. “Os documentos que justificavam essas prisões se pautavam numa possível ameaça à sociedade porque os presos estariam fomentando ódio de classes e ideias contrárias à pátria”, sustenta.

Atualidade

O historiador lembra que os professores que avaliaram a tese dele (que resultou no livro) chamaram a atenção para a atualidade do tema tratado na pesquisa. Entre esses docentes está o Rodrigo Pato, renomado professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma das maiores referências no Brasil e no exterior.

Erinaldo entende que não se trata de uma questão que ficou restrita a 1964, mas é um tema que vem sendo reatualizado e apropriado para diversos fins nos dias atuais. Os discursos do anticomunismo começaram a reaparecer e estão utilizados para os fins mais complexos.

Ele chama atenção, por exemplo, para a utilização do termo “Vai pra Cuba”. “Por que ‘vai pra Cuba?’”, questiona o professor, explicando que esses termos remetem a possibilidade de um crescimento do comunismo no Brasil, sem a devida reflexão sobre o assunto. “Os desdobramentos podem ser perigosos”, resume. (Chagas Filho)