Correio de Carajás

Ex-assessor de Curió será novamente julgado por morte de garimpeiro

Foi marcado para o próximo mês, dia 11, o novo julgamento de João Batista de Sousa. O Joãozinho da Parabólica, ex-assessor do major Sebastião Curió e acusado de ter encomendado a morte de Antônio Clênio Cunha Lemos, de 42 anos, presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Curionópolis, ocorrida em 2002, em Curionópolis. O caso alcançou grande repercussão estadual e nacional

A sessão ocorre no Tribunal do Júri do Fórum Juiz José Elias Monteiro Lopes, na Comarca de Marabá, presidida pelo juiz Alexandre Hiroshi Arakaki, a partir das 8h30. O réu chegou a ser preso em novembro de 2011, quase 10 anos após o crime, e em julho de 2012 foi submetido ao júri popular na Comarca de Curionópolis, sendo absolvido e posto em liberdade na ocasião.

Após isso, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará apreciou recurso interposto pelo Ministério Público do Estado do Pará, anulou o julgamento e determinou a realização de nova sessão. Após isso, o TJPA apreciou pedido formulado pelo Ministério Público de desaforamento da Comarca de Curionópolis, determinado que o processo fosse remetido à Comarca de Marabá.

Leia mais:

CASO

João Batista de Sousa é acusado de homicídio qualificado pela paga ou promessa de recompensa e pelo recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Segundo a acusação, no dia 16 de novembro 2002, por volta das 23h30, no município de Curionópolis, na sede do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, a vítima foi morta por cinco disparos de arma de fogo.

O crime aconteceu em um domingo e na semana anterior os jornais locais noticiavam forte conflito entre três grupos de garimpeiros que brigavam pelo direito à exploração de Serra Pelada. Um deles era apoiado pelo major Sebastião Curió, à época prefeito do município de Curionópolis, localizado a 136 km de Marabá, e de quem João Batista era assessor.

Ainda de acordo com a denúncia, as investigações da Polícia Civil apontaram que João Batista firmou conluio com Josivaldo Oliveira Barros, conhecido como Nego Josa, Cássio Murilo Silva Feitosa e Matias Rosa Passos para que o crime ocorresse. Em 2010, no entanto, a Justiça determinou a suspensão do processo e do prazo prescricional em relação a Cássio e Matias, uma vez que eles não foram localizados. Josivaldo morreu antes de ser levado à julgamento.

Ele, inclusive, foi o primeiro a ser preso pouco tempo após o crime e relatou à Polícia Civil ter sido procurado por Matias para cometer o crime. Este teria oferecido R$ 4 mil e os dois se encontraram ao menos duas vezes. Josivaldo também confessou ter sido informado, na época, que os mandantes do crime seriam João Batista e Sebastião Curió. O ex-prefeito nunca foi indiciado pelo crime. Ainda na confissão, relatou que o dinheiro seria dividido entre ele e Matias.

Em depoimento prestado posteriormente, na presença de representante do Ministério Público do Estado do Pará, reafirmou a contratação por meio de Matias. Uma testemunha informou ter ouvido comentários de que João Batista, na semana que antecedeu o crime, foi várias vezes na casa de Matias e afirmou achar estranho o fato, uma vez que este último era conhecido como traficante e por ter costume de contratar pistoleiros. Após o crime, João nunca mais foi visto no local.

Essa mesma testemunha relatou ter presenciado, várias vezes, Josivaldo conversando com Matias em frente à casa deste e o acusado também confessou conhecer Matias. Conforme a denúncia, a participação de João como um dos intermediários é comprovada, “porquanto sua presença aparece com clareza, tanto na descrição de Josivaldo como nas pessoas que o viram conversando de forma insistente com Matias antes do delito. Josivaldo confessou, extrajudicialmente, por três vezes o delito”.

Josivaldo também informou que o crime foi motivado por disputa pelo controle político do garimpo de Serra Pelada e em razão do trabalho de Antonio Clênio em mensurar o quantitativo exato de garimpeiros do local.  

REPERCUSSÃO

O crime ganhou repercussão estadual e nacional, à época. Após o assassinato, 600 homens do Exército Brasileiro chegaram a ocupar Serra Pelada para impedir conflito entre 10 mil garimpeiros divididos em três grupos rivais que disputavam o comando da Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp). A situação, que já era tensa, tomou grandes proporções após o assassinato de Antonio Clênio Cunha Lemos.

Conforme as informações divulgadas à época, a vítima estava produzindo relatório no qual constava o nome de mais de 40 mil garimpeiros que teriam supostos direitos adquiridos sobre a exploração da mina de Serra Pelada, sobre a qual alega-se ainda haver grande quantidade de ouro. Além disso, eles seriam beneficiários de uma soma virtuosa de dinheiro retida na Caixa Econômica Federal.

DEFESA

João, em juízo, foi interrogado e negou a participação no homicídio, alegando não haver tratado com Matias sobre o assassinato da vítima.  À época da absolvição ele conversou com equipes de reportagem e afirmou novamente não ter cometido crime. No processo constam como advogados do réu Marcos Benedito Farias Rodrigues e Betteson Clayde Meneses Cabral. O Correio de Carajás, no entanto, não conseguiu localizá-los. (Luciana Marschall)

Foi marcado para o próximo mês, dia 11, o novo julgamento de João Batista de Sousa. O Joãozinho da Parabólica, ex-assessor do major Sebastião Curió e acusado de ter encomendado a morte de Antônio Clênio Cunha Lemos, de 42 anos, presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Curionópolis, ocorrida em 2002, em Curionópolis. O caso alcançou grande repercussão estadual e nacional

A sessão ocorre no Tribunal do Júri do Fórum Juiz José Elias Monteiro Lopes, na Comarca de Marabá, presidida pelo juiz Alexandre Hiroshi Arakaki, a partir das 8h30. O réu chegou a ser preso em novembro de 2011, quase 10 anos após o crime, e em julho de 2012 foi submetido ao júri popular na Comarca de Curionópolis, sendo absolvido e posto em liberdade na ocasião.

Após isso, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará apreciou recurso interposto pelo Ministério Público do Estado do Pará, anulou o julgamento e determinou a realização de nova sessão. Após isso, o TJPA apreciou pedido formulado pelo Ministério Público de desaforamento da Comarca de Curionópolis, determinado que o processo fosse remetido à Comarca de Marabá.

CASO

João Batista de Sousa é acusado de homicídio qualificado pela paga ou promessa de recompensa e pelo recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Segundo a acusação, no dia 16 de novembro 2002, por volta das 23h30, no município de Curionópolis, na sede do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, a vítima foi morta por cinco disparos de arma de fogo.

O crime aconteceu em um domingo e na semana anterior os jornais locais noticiavam forte conflito entre três grupos de garimpeiros que brigavam pelo direito à exploração de Serra Pelada. Um deles era apoiado pelo major Sebastião Curió, à época prefeito do município de Curionópolis, localizado a 136 km de Marabá, e de quem João Batista era assessor.

Ainda de acordo com a denúncia, as investigações da Polícia Civil apontaram que João Batista firmou conluio com Josivaldo Oliveira Barros, conhecido como Nego Josa, Cássio Murilo Silva Feitosa e Matias Rosa Passos para que o crime ocorresse. Em 2010, no entanto, a Justiça determinou a suspensão do processo e do prazo prescricional em relação a Cássio e Matias, uma vez que eles não foram localizados. Josivaldo morreu antes de ser levado à julgamento.

Ele, inclusive, foi o primeiro a ser preso pouco tempo após o crime e relatou à Polícia Civil ter sido procurado por Matias para cometer o crime. Este teria oferecido R$ 4 mil e os dois se encontraram ao menos duas vezes. Josivaldo também confessou ter sido informado, na época, que os mandantes do crime seriam João Batista e Sebastião Curió. O ex-prefeito nunca foi indiciado pelo crime. Ainda na confissão, relatou que o dinheiro seria dividido entre ele e Matias.

Em depoimento prestado posteriormente, na presença de representante do Ministério Público do Estado do Pará, reafirmou a contratação por meio de Matias. Uma testemunha informou ter ouvido comentários de que João Batista, na semana que antecedeu o crime, foi várias vezes na casa de Matias e afirmou achar estranho o fato, uma vez que este último era conhecido como traficante e por ter costume de contratar pistoleiros. Após o crime, João nunca mais foi visto no local.

Essa mesma testemunha relatou ter presenciado, várias vezes, Josivaldo conversando com Matias em frente à casa deste e o acusado também confessou conhecer Matias. Conforme a denúncia, a participação de João como um dos intermediários é comprovada, “porquanto sua presença aparece com clareza, tanto na descrição de Josivaldo como nas pessoas que o viram conversando de forma insistente com Matias antes do delito. Josivaldo confessou, extrajudicialmente, por três vezes o delito”.

Josivaldo também informou que o crime foi motivado por disputa pelo controle político do garimpo de Serra Pelada e em razão do trabalho de Antonio Clênio em mensurar o quantitativo exato de garimpeiros do local.  

REPERCUSSÃO

O crime ganhou repercussão estadual e nacional, à época. Após o assassinato, 600 homens do Exército Brasileiro chegaram a ocupar Serra Pelada para impedir conflito entre 10 mil garimpeiros divididos em três grupos rivais que disputavam o comando da Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp). A situação, que já era tensa, tomou grandes proporções após o assassinato de Antonio Clênio Cunha Lemos.

Conforme as informações divulgadas à época, a vítima estava produzindo relatório no qual constava o nome de mais de 40 mil garimpeiros que teriam supostos direitos adquiridos sobre a exploração da mina de Serra Pelada, sobre a qual alega-se ainda haver grande quantidade de ouro. Além disso, eles seriam beneficiários de uma soma virtuosa de dinheiro retida na Caixa Econômica Federal.

DEFESA

João, em juízo, foi interrogado e negou a participação no homicídio, alegando não haver tratado com Matias sobre o assassinato da vítima.  À época da absolvição ele conversou com equipes de reportagem e afirmou novamente não ter cometido crime. No processo constam como advogados do réu Marcos Benedito Farias Rodrigues e Betteson Clayde Meneses Cabral. O Correio de Carajás, no entanto, não conseguiu localizá-los. (Luciana Marschall)