Correio de Carajás

Adesão do Pará : História salpicada de sangue

A estrela solitária no círculo no azul acima da faixa branca com a inscrição positivista “Ordem e progresso” na bandeira Nacional é uma referência à adesão do Estado à Independência do Brasil em 15 de agosto de 1823. Para muitos, a data não tem um significado, mas se trata de um dos eventos históricos mais importantes e com consequências trágicas como o massacre do “Brigue Palhaço” e uma série de revoltas que culminaram com a Cabanagem, em 1835.

O historiador e mestrando em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), David Salomão, afirma que, na época, início do século XIX, tanto a província do Pará quanto a do Maranhão tinham suas elites locais mais atreladas à Portugal do que ao resto da colônia.

Ele comenta ainda que o episódio da “adesão” remete a um pacto pacífico entre os militares mandados por D. Pedro I e os que mandavam no Pará, quase todos de origem europeia. “Mas, não foi bem assim. A ‘adesão’ não foi pacífica e levou a revoltas sangrentas, inclusive à tragédia do ‘Brigue Palhaço’, que poucos comentam, mas teve consequências terríveis, com protestos por várias cidades até outubro de 1823”, assinala.

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O Pará esteve por quase um ano depois do grito às margens do rio Ipiranga sem grandes mudanças em relações à Coroa Portuguesa e só se integrou ao novo modelo depois da chegada do militar John Pascoe Greenfell. De imediato, um conselho com os ilustres da época foi convocado para deliberar sobre o assunto e horas depois ficou acertado que o Pará era parte do Brasil independente.

Ao contrário do que se pode pensar, a adesão do Pará à Independência do Brasil foi muito mais um movimento de manutenção da conjuntura da época: os portugueses que compunham a elite local permaneceram em seus cargos e privilégios. A manutenção do status desagradou grupos de nacionalistas. Dentre eles, o jornalista Felipe Patroni e o cônego e advogado Batista Campos, ambos fundadores de “O Paraense”, no qual divulgavam suas posições políticas.

Revoltados com a composição da junta provisória de governo, após a adesão, os paraenses mandaram um documento aos donos do poder exigindo a demissão de todos os portugueses, militares e civis, a fim de inaugurar um novo momento político com maior participação de brasileiros em decisões importantes da província.

Depois do aviso, o grupo partiu para tomar o poder e desbancar os portugueses e uma coluna militar contrária à adesão exigiu a abertura das portas do depósito de armas portuguesas. Temendo consequências piores, os portões foram abertos. Assim foi feita a “limpeza” nos cargos públicos ocupados pelos lusos e Batista Campos foi colocado como novo presidente da junta governativa.

Na mesma noite do dia 16 de agosto, o militar Greenfell ordenou a prisão de todas os suspeitos de participar da revolta, sem distinguir classe social. Na manhã seguinte, para dar exemplo, escolheu cinco prisioneiros e mandou fuzilá-los no Largo do Palácio do Governo. Batista Campos foi capturado e colocado na boca de um canhão, que só não foi disparado por interferência de portugueses ligados ao poder local.

Os poucos sobreviventes do episódio contaram que o espaço mínimo jogou no desespero os quase 300 condenados e o calor insuportável os obrigou a pedir água. Quatro dias depois das prisões, os militares jogaram água direto da baía de Guajará dentro de um recipiente do porão, o que provocou mais tumulto. (com informações do blog do bordalo)

Foto:Divulgação

 

A estrela solitária no círculo no azul acima da faixa branca com a inscrição positivista “Ordem e progresso” na bandeira Nacional é uma referência à adesão do Estado à Independência do Brasil em 15 de agosto de 1823. Para muitos, a data não tem um significado, mas se trata de um dos eventos históricos mais importantes e com consequências trágicas como o massacre do “Brigue Palhaço” e uma série de revoltas que culminaram com a Cabanagem, em 1835.

O historiador e mestrando em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), David Salomão, afirma que, na época, início do século XIX, tanto a província do Pará quanto a do Maranhão tinham suas elites locais mais atreladas à Portugal do que ao resto da colônia.

Ele comenta ainda que o episódio da “adesão” remete a um pacto pacífico entre os militares mandados por D. Pedro I e os que mandavam no Pará, quase todos de origem europeia. “Mas, não foi bem assim. A ‘adesão’ não foi pacífica e levou a revoltas sangrentas, inclusive à tragédia do ‘Brigue Palhaço’, que poucos comentam, mas teve consequências terríveis, com protestos por várias cidades até outubro de 1823”, assinala.

O Pará esteve por quase um ano depois do grito às margens do rio Ipiranga sem grandes mudanças em relações à Coroa Portuguesa e só se integrou ao novo modelo depois da chegada do militar John Pascoe Greenfell. De imediato, um conselho com os ilustres da época foi convocado para deliberar sobre o assunto e horas depois ficou acertado que o Pará era parte do Brasil independente.

Ao contrário do que se pode pensar, a adesão do Pará à Independência do Brasil foi muito mais um movimento de manutenção da conjuntura da época: os portugueses que compunham a elite local permaneceram em seus cargos e privilégios. A manutenção do status desagradou grupos de nacionalistas. Dentre eles, o jornalista Felipe Patroni e o cônego e advogado Batista Campos, ambos fundadores de “O Paraense”, no qual divulgavam suas posições políticas.

Revoltados com a composição da junta provisória de governo, após a adesão, os paraenses mandaram um documento aos donos do poder exigindo a demissão de todos os portugueses, militares e civis, a fim de inaugurar um novo momento político com maior participação de brasileiros em decisões importantes da província.

Depois do aviso, o grupo partiu para tomar o poder e desbancar os portugueses e uma coluna militar contrária à adesão exigiu a abertura das portas do depósito de armas portuguesas. Temendo consequências piores, os portões foram abertos. Assim foi feita a “limpeza” nos cargos públicos ocupados pelos lusos e Batista Campos foi colocado como novo presidente da junta governativa.

Na mesma noite do dia 16 de agosto, o militar Greenfell ordenou a prisão de todas os suspeitos de participar da revolta, sem distinguir classe social. Na manhã seguinte, para dar exemplo, escolheu cinco prisioneiros e mandou fuzilá-los no Largo do Palácio do Governo. Batista Campos foi capturado e colocado na boca de um canhão, que só não foi disparado por interferência de portugueses ligados ao poder local.

Os poucos sobreviventes do episódio contaram que o espaço mínimo jogou no desespero os quase 300 condenados e o calor insuportável os obrigou a pedir água. Quatro dias depois das prisões, os militares jogaram água direto da baía de Guajará dentro de um recipiente do porão, o que provocou mais tumulto. (com informações do blog do bordalo)

Foto:Divulgação