Correio de Carajás

Devoção que passa de mãe para filhas

Mãe de três mulheres, Maria Odete de Souza Pinho, 44 anos, divide o espaço de uma pequena quitinete, localizada na Rua Porto da Balsa, Bairro Amapá, com a família. Batalhadora, como outras tantas Marias a exemplo dela, Odete acorda bem cedo todos os dias para assumir o posto de funcionária de serviços gerais no Dnit, em Marabá. Natural de Zé Doca, no Maranhão, a ela veio para Marabá em 1990 e aqui, na terra de Francisco Coelho, cultivou o amor e a devoção pela Virgem de Nazaré que será celebrada pela comunidade católica neste domingo de Círio. As três filhas que criou com muito sacrifício seguem os passos da mãe.

Odete conta que sempre frequentou a Igreja Católica, mas que somente em 2009 acompanhou seu primeiro Círio. No entanto, não foi muito fácil conseguir prestigiar a festa. Segundo ela, anos antes tentava acompanhar a romaria com a família, mas sempre acontecia um imprevisto.

De origem humilde, Maria Odete revelou que o dinheiro também sempre foi um obstáculo para família. “A gente segue a romaria até a pés. Mas na hora de voltar tem que pagar a passagem [de ônibus]. E eu nunca tinha dinheiro para isso”, revelou. Em 2011, ela e as filhas se mudaram para a cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, e não puderam comparecer.

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Mesmo assim, elas se apegaram ainda mais à fé católica, como conta a filha Antônia Caroline Pinho Vieira, de 20 anos. “Frequentamos grupos de oração e nos aprofundamos ainda mais na fé. Conhecemos a Renovação Carismática e lá eles fazem vários encontros, tem as pessoas caridosas que vão para as ruas, alimentar os mais pobres. E foi lá que a gente, realmente viu o que é a fé católica”, declarou.

Tradição

A família ficou quase dois anos morando em Minas Gerais e só retornou para Marabá em 2012. A tradição de acompanhar o Círio em Marabá, porém, só foi retomada em 2014, quando voltaram a prestigiar a grande romaria em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.

“Mas, quem vai para o Círio de costume, se falhar um ano, é como se ficasse um vazio. A cada ano, todo terceiro domingo de outubro é tradição”, disse Antônia. A jovem ainda vai além e afirma que, quando falta a festa católica, sente que todo o seu ano foi vivido sem propósito.

Vestindo a camisa

Uma das tradições adotadas por elas no dia procissão é sempre vestir a camisa oficial do evento. “Até porque é para marcar que naquele Círio a gente foi. E também porque a camiseta ajuda as paróquias e comunidades. Este ano, por exemplo, elas estão sendo vendidas para ajudar o seminário menor que fica no Bairro Liberdade”, contou.

Odete fala também que, geralmente, elas se preparam com orações diárias, o que é feito com mais frequência pelas outras duas filhas, Carina e Carliane Pinho Vieira, de 22 e 23 anos, que não foram ouvidas pela Reportagem por estarem no trabalho. “Elas fazem a leitura da palavra diária. Mas, nessa época, elas se apegam mais às orações do terço”, além de rogar por Nossa Senhora, a família também acompanha a visita da Santa na comunidade do Bairro Amapá.

Emoção

As mulheres da família são tão fervorosas que tem até um pequeno espaço de oração na sala da quitinete, onde se ajoelham para fazer suas rezas. Nesse espaço, há imagens de vários santos e também de Nossa Senhora de Nazaré. Até o pequeno Snoopy (cachorro de estimação da família) se junta a elas na hora das orações.

“Eu sempre fico ansiosa. Na terça mesmo, quando a gente estava voltando da Cidade Nova, ela [imagem da Santa] estava saindo da Câmara Municipal. Na hora que eu vi, e soltou os foguetes, me arrepiei toda, porque a gente não tinha visto a Santa e nem a berlinda este ano”, confessou. Antônia contou ao Jornal que durante a romaria gosta de ficar próxima a corda, porque consegue enxergar nas pessoas que se seguram na peça a verdadeira devoção à Mãe de Jesus. Elas também acumulam álbuns com fotografias de todos os anos de participação na festa católica.

Família atribui milagre a intervenção da Virgem de Nazaré

Espelhada no sentimento de devoção, Maria Odete decidiu fazer uma promessa à Santa no ano de 2010. “Porque eu tinha separado, estava muito triste, não contava para ninguém e aí nasceu um nódulo no meu seio”, a mulher disse que antes de fazer os exames para descobrir a razão do caroço, decidiu fazer uma promessa e cumpri-la antes mesmo de alcançar a graça.

“Eu falei: esse ano vai ter o Círio e eu vou pedir para Nossa Senhora me curar e eu fui. Na hora, eu não sabia se ia na corda ou não, mas estava em oração e pedi para Deus tocar o meu coração se era para eu ir na corda ou não”, relembra, dizendo que na ocasião sentiu uma súbita vontade de acompanhar a romaria junto à corda.

A mulher, porém, não estava preparada para seguir a procissão na corda, uma vez que calçava apenas uma roupa simples e um par de havaianas, que arrebentaram logo no início da procissão. “O sol estava ‘tinindo’ de quente, eu já estava me sentindo mal e o corpo evaporando de calor. E quando chego lá no Leo [espaço de homenagem da Leolar], jogaram água, o vaporzão subiu e o pé doeu. Aí a minha cabeça começou a doer, a sorte é que estava quase para chegar”.

Ela disse que, mesmo com os pés em carne viva, não desistiu de cumprir o percurso, por mais que essa ideia tenha lhe passado pela cabeça. Depois desse episódio, ela chegou a procurar especialistas, que não identificaram nenhum problema na mama. Para Odete, tudo isso não passou de mais um milagre da Santa, que já tinha curado anteriormente sua filha Antônia.

“Ela desmaiava todo ano em determinada data, no início do ano, ela começava a desmaiar na escola”, contou. Ela disse que, na época, como a filha era muito nova, prometeu que sua filha levaria uma oferta à Santa no altar do Santuário da Folha 16. “Aí ela foi e quis ir de joelho por todo aquele tapete vermelho”. Segundo a mãe, nem os médicos descobriram o que a menina tinha, “Mas ela foi curada”, atestou. (Nathália Viegas)

Mãe de três mulheres, Maria Odete de Souza Pinho, 44 anos, divide o espaço de uma pequena quitinete, localizada na Rua Porto da Balsa, Bairro Amapá, com a família. Batalhadora, como outras tantas Marias a exemplo dela, Odete acorda bem cedo todos os dias para assumir o posto de funcionária de serviços gerais no Dnit, em Marabá. Natural de Zé Doca, no Maranhão, a ela veio para Marabá em 1990 e aqui, na terra de Francisco Coelho, cultivou o amor e a devoção pela Virgem de Nazaré que será celebrada pela comunidade católica neste domingo de Círio. As três filhas que criou com muito sacrifício seguem os passos da mãe.

Odete conta que sempre frequentou a Igreja Católica, mas que somente em 2009 acompanhou seu primeiro Círio. No entanto, não foi muito fácil conseguir prestigiar a festa. Segundo ela, anos antes tentava acompanhar a romaria com a família, mas sempre acontecia um imprevisto.

De origem humilde, Maria Odete revelou que o dinheiro também sempre foi um obstáculo para família. “A gente segue a romaria até a pés. Mas na hora de voltar tem que pagar a passagem [de ônibus]. E eu nunca tinha dinheiro para isso”, revelou. Em 2011, ela e as filhas se mudaram para a cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, e não puderam comparecer.

Mesmo assim, elas se apegaram ainda mais à fé católica, como conta a filha Antônia Caroline Pinho Vieira, de 20 anos. “Frequentamos grupos de oração e nos aprofundamos ainda mais na fé. Conhecemos a Renovação Carismática e lá eles fazem vários encontros, tem as pessoas caridosas que vão para as ruas, alimentar os mais pobres. E foi lá que a gente, realmente viu o que é a fé católica”, declarou.

Tradição

A família ficou quase dois anos morando em Minas Gerais e só retornou para Marabá em 2012. A tradição de acompanhar o Círio em Marabá, porém, só foi retomada em 2014, quando voltaram a prestigiar a grande romaria em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.

“Mas, quem vai para o Círio de costume, se falhar um ano, é como se ficasse um vazio. A cada ano, todo terceiro domingo de outubro é tradição”, disse Antônia. A jovem ainda vai além e afirma que, quando falta a festa católica, sente que todo o seu ano foi vivido sem propósito.

Vestindo a camisa

Uma das tradições adotadas por elas no dia procissão é sempre vestir a camisa oficial do evento. “Até porque é para marcar que naquele Círio a gente foi. E também porque a camiseta ajuda as paróquias e comunidades. Este ano, por exemplo, elas estão sendo vendidas para ajudar o seminário menor que fica no Bairro Liberdade”, contou.

Odete fala também que, geralmente, elas se preparam com orações diárias, o que é feito com mais frequência pelas outras duas filhas, Carina e Carliane Pinho Vieira, de 22 e 23 anos, que não foram ouvidas pela Reportagem por estarem no trabalho. “Elas fazem a leitura da palavra diária. Mas, nessa época, elas se apegam mais às orações do terço”, além de rogar por Nossa Senhora, a família também acompanha a visita da Santa na comunidade do Bairro Amapá.

Emoção

As mulheres da família são tão fervorosas que tem até um pequeno espaço de oração na sala da quitinete, onde se ajoelham para fazer suas rezas. Nesse espaço, há imagens de vários santos e também de Nossa Senhora de Nazaré. Até o pequeno Snoopy (cachorro de estimação da família) se junta a elas na hora das orações.

“Eu sempre fico ansiosa. Na terça mesmo, quando a gente estava voltando da Cidade Nova, ela [imagem da Santa] estava saindo da Câmara Municipal. Na hora que eu vi, e soltou os foguetes, me arrepiei toda, porque a gente não tinha visto a Santa e nem a berlinda este ano”, confessou. Antônia contou ao Jornal que durante a romaria gosta de ficar próxima a corda, porque consegue enxergar nas pessoas que se seguram na peça a verdadeira devoção à Mãe de Jesus. Elas também acumulam álbuns com fotografias de todos os anos de participação na festa católica.

Família atribui milagre a intervenção da Virgem de Nazaré

Espelhada no sentimento de devoção, Maria Odete decidiu fazer uma promessa à Santa no ano de 2010. “Porque eu tinha separado, estava muito triste, não contava para ninguém e aí nasceu um nódulo no meu seio”, a mulher disse que antes de fazer os exames para descobrir a razão do caroço, decidiu fazer uma promessa e cumpri-la antes mesmo de alcançar a graça.

“Eu falei: esse ano vai ter o Círio e eu vou pedir para Nossa Senhora me curar e eu fui. Na hora, eu não sabia se ia na corda ou não, mas estava em oração e pedi para Deus tocar o meu coração se era para eu ir na corda ou não”, relembra, dizendo que na ocasião sentiu uma súbita vontade de acompanhar a romaria junto à corda.

A mulher, porém, não estava preparada para seguir a procissão na corda, uma vez que calçava apenas uma roupa simples e um par de havaianas, que arrebentaram logo no início da procissão. “O sol estava ‘tinindo’ de quente, eu já estava me sentindo mal e o corpo evaporando de calor. E quando chego lá no Leo [espaço de homenagem da Leolar], jogaram água, o vaporzão subiu e o pé doeu. Aí a minha cabeça começou a doer, a sorte é que estava quase para chegar”.

Ela disse que, mesmo com os pés em carne viva, não desistiu de cumprir o percurso, por mais que essa ideia tenha lhe passado pela cabeça. Depois desse episódio, ela chegou a procurar especialistas, que não identificaram nenhum problema na mama. Para Odete, tudo isso não passou de mais um milagre da Santa, que já tinha curado anteriormente sua filha Antônia.

“Ela desmaiava todo ano em determinada data, no início do ano, ela começava a desmaiar na escola”, contou. Ela disse que, na época, como a filha era muito nova, prometeu que sua filha levaria uma oferta à Santa no altar do Santuário da Folha 16. “Aí ela foi e quis ir de joelho por todo aquele tapete vermelho”. Segundo a mãe, nem os médicos descobriram o que a menina tinha, “Mas ela foi curada”, atestou. (Nathália Viegas)