Correio de Carajás

Alunos ainda não sabem quando retornam às aulas

Há mais de um mês, alunos da Escola Estadual de Ensino Médio e Integral Dr. Gaspar Vianna não sabem o que é estudar. Com a unidade de ensino interditada desde o dia 19 de maio, após a queda de parte do telhado, nenhuma das classes foi remanejada para outro espaço e nem tem data definida de quando a instituição será reformada. A situação está desagradando não só os próprios estudantes, que já fizeram protestos e apelaram até para o Ministério Público Estadual, como também os pais de alunos.

Esta semana, Robervaldo Fernandes procurou a equipe de reportagem do CORREIO para reclamar sobre o descaso do governo estadual e da demora em resolver a situação. “Todo esse tempo os alunos estão sem aulas e o pior é que a gente vai na 4ª URE e ninguém sabe de nada, não tem ninguém que lhe dê uma informação. Se procuramos a escola, o diretor se isola lá para dentro e não fala com ninguém, só manda o vigia dizer que é para aguardar”, desabafa.

Ele conta que tem dois filhos matriculados na escola, no 1º e 3º ano do Ensino Médio, e que teme que o segundo seja prejudicado por esse tempo sem aula, uma vez que terá que realizar as provas do Enem em novembro para tentar vaga no ensino superior.

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Segundo Robervaldo, a comunicação entre a escola, localizada Folha 16, Nova Marabá, e a comunidade é feita apenas por meio de um aviso escrito à mão e colocado no portão do prédio. “Tem um aviso lá numa cartolina dizendo que quem quiser pedir transferência, tem que procurar num horário, agora eu pergunto pedi transferência para onde, se não há vagas de ensino médio nos outros colégios? Só sei que é uma grande falta de responsabilidade e respeito com todos nós”, enfatiza.

O cartaz citado por ele informa que o prédio está em situação de perícia técnica e que o processo de locação de espaço segue em tramitação na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em Belém, além de esclarecer que procedimentos de emergência e urgência estão sendo tratados mediante agendamento no portão da escola.

Aviso colocado no portão da escola informa que o processo de locação de novo prédio está em andamento

O que diz a direção

Procurado pelo Jornal, Fernando Ferreira Santiago, diretor da escola, contou que, na época, não sabia do risco que a estrutura apresentava. Porém, confirmou que uma visita técnica realizada por quatro servidores da Seduc foi realizada na unidade no início do ano, já que estava prevista uma reforma pelo fato da escola funcionar em tempo integral.

“Eu fiquei sabendo numa sexta-feira [18 de maio], quando um aluno veio me informar que estava rachando a parede da biblioteca. Eu fui e verifiquei a gravidade da situação, fiz a retirada dos alunos que ainda estavam em aula e os dispensei. Então, liguei para o Corpo de Bombeiros, IML e Seduc”, detalhou.

Vistoria técnica só foi realizada dois dias depois do incidente

 

Quando o desabamento ocorreu, boa parte da comunidade escolar não estava frequentando aulas, em decorrência da greve dos professores da rede estadual. Conforme relata o diretor da unidade, Fernando Ferreira Santiago, quando os bombeiros militares chegaram o pavilhão foi isolado e a direção do colégio aguardou a interdição do Estado.

No entanto, antes que a Secretaria de Educação pudesse interferir, o telhado desabou (no sábado, 19) e somente no domingo, 20 de maio, equipes técnicas da secretaria visitaram o local, sob a chefia de José Ângelo Miranda, responsável pela Diretoria de Recursos Técnicos e Imobiliários (DRTI) da Seduc.

“Ele fez a verificação do local que já tinha sucumbido e a gente já começou a procurar os prédios para fazer a locação na segunda-feira, 21”. O diretor conta que de 11 imóveis visitados, o mais adequado foi o do Instituto de Educação Profissionalizante e Politécnico do Pará, na Folha 30. “A gente tem que entender que é muito burocrático esse processo, ele passa por vários setores para ser finalizado. Eu já fui a Belém duas vezes para tentar acelerar esse processo, consegui adiantar, porque ia ser mais demorado”, destacou.

Reforma

O diretor disse ainda ao CORREIO que vai enviar ofícios ao Exército Brasileiro e à Prefeitura de Marabá, solicitando apoio para transportar os móveis do colégio para o prédio onde funcionará provisoriamente. “A gente precisa de dois documentos, do laudo pericial e da liberação do prédio para fazer a mudança”, esclarece, prevendo que as aulas sejam retomadas apenas no mês de agosto.

“Vamos fazer um calendário especial. A gente ia concluir o ano em 21 de dezembro, só que com esse problema vamos estender as aulas até o final de janeiro ou início de fevereiro”, conclui, pedindo apoio e paciência para a comunidade. Ele acrescenta que, de acordo com previsão da Seduc, a reforma da escola deve começar em meados de julho deste ano.

Com cerca de 700 estudantes matriculados, 34 professores e 54 funcionários, a escola Gaspar Viana já soma 33 anos de existência. Porém, apenas duas reformas foram realizadas no prédio nessas mais de três décadas. (Nathália Viegas, com informações de Josseli Carvalho)